Por:
Pierre Januário (*)
Certa
vez, ao sair de casa, indo para a academia exercitar o corpo, andando
pela rua, calmamente, passei por algumas residências e sem muito
esforço conseguia enxergar dentro das salas de cada uma delas, em
algumas não via nada, em outras me deparei com a mesma cena, uma ou
duas pessoas, sentadas no sofá, em frente a televisão, totalmente
em transe, não conversavam, não trabalhavam, não interagiam,
estavam imóveis, paralisadas, dominadas pelo sistema, pelo canto da
sereia de algum programa, não produziam nada. Não somavam nada,
além de audiência. Aquilo me chamou muito a atenção. Na volta
para casa passei por eles e estavam no mesmo lugar, da mesma forma,
ainda imóveis, ainda zumbis.
Depois
de muito refletir e respeitando o livre arbítrio de cada um, conclui
que aquela situação era tão comum que passa despercebida em nosso
dia a dia, não são poucas as pessoas que estão no mundo e não
compreendem ou não despertam para seu papel no nesta vida, não
percebem a grande contribuição que podem dar para o universo, não
conseguem enxergar o tamanho do nosso planeta e quantas oportunidades
este ecossistema nos propicia para descobertas e contribuições.
Independentemente
da quantidade de dinheiro que você possui, da região que você
mora, do problemas em sua vida, cada um pode e deve sair do transe,
sair da condição de zumbi e buscar viver novas, diferentes e empolgantes
experiências, isso não depende de ninguém, é uma decisão
individual , precisa acontecer primeiro na mente e depois no mundo
real, para isso, a mente precisa estar livre e alimentada com coisas
boas, que permitam sonhar e desejar.
Uma
música que sempre gostei e que retrata esta situação com poesia é
“Pequeno perfil de um cidadão comum” de Belchior, ela
fala de um cidadão, honesto, bom e comovido, que tem no fim da
tarde a sensação da missão cumprida, que sempre falava de
negócios, sorria, pegava o metrô, ia do trabalho para casa e de
volta ao trabalho, dizia sempre sim aos seus senhores e acreditava
que com dinheiro não há coisas impossíveis, porém o anjo do
senhor desceu do céu para uma cerveja com ele no seu canto e a morte
o carregou feito um pacote no seu manto.
O
fim é sempre o mesmo, a morte, e nossa existência é tão curta que
passar horas na frente da tv, ou anos fazendo o que não gosta
esperando apenas a aposentadoria para viver, ou deixando de realizar
algo que sempre sonhou por medo, ou não dizendo o quanto ama alguém
é ser condenado à morte antecipadamente, viver em uma prisão sem
grades mas forte o suficiente para lhe sufocar minuto a minuto.
O
que nos diferenciará no mundo e nos fará sermos lembrado, é o
legado que deixarmos, as coisas boas que realizarmos, as marcas que
fizermos nos corações e almas das pessoas. Alguns são lembrados
pelo que escreveram, outros pelo que construíram, outros pelo que
pintaram, outros pela ajuda que prestaram e outros pela energia, amor
e vontade de viver. Ninguém é lembrado pelo que não fez, mas pelo
que fez, pelo que realizou.
Se
você quer deixar sua marca no mundo e morrer lembrado, faça,
realize, agora já, não fique apenas assistindo sua vida passar,
problemas sempre irão existir, enfrente-os, resolva-os mas realize
seus sonhos, não abdique deles nunca, não seja apenas expectador
no filme de sua vida, seja o roteirista e o ator principal e construa
um final feliz.
(*) Pierre Januário. Administrador, Mestre em Gestão de Empresas, MBA em Gerenciamento
de Projetos, Esp
em Desenvolvimento Econômico Local e Gestão de Empresas.
Caro Pierre, bom texto.Esse "transe" se reflete em alguns alunos, professores, gestores e em algumas empresas. Para nós educadores é preciso identificar o que realmente pode motivar essas pessoas a iniciarem um processo de mudança. Mas, a verdadeira mudança só é possível se realmente comprarem a ideia. Não adianta ler livros de auto-ajuda e as assistir palestras motivacional que não servem para muita coisa.
ResponderExcluirExcelente reflexão!
ResponderExcluirExcelente reflexão!
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